Por vezes surgem situações no dia-a-dia que merecem algo mais do que um simples olhar. Nós da-mos vida aos promenores... anima-mos algo que está morto...algo que ninguém despertou. "Temos de ir à procura das pessoas, porque podem ter fome de pão ou de amizade" - Madre Teresa de Calcutá

10/05/2006

1º episódio - Vómito, marmelo e companhia

A partir de agora vamos tentar adoptar como hábito a publicação periódica de vários episódios dramáticos que constituem o ponto de partida para a execução de um trabalho cinematográfico há muito idealizado.
Esperamos que seja do vosso agrado!

O 1º episódio intitula-se "Vómito, marmelo e companhia".

Estrada da beira. Uma mota escorrega num bocado de vómito de alguém que tinha acabado de sair da cantina dos grelhados em coimbra e se sentiu mal-disposto. Três tristes "tonhós" no chão, cheios de sangue, suor e lágrimas e um deles com sinais de choque (palidez, obnubilações, cianose, sudorese, taquicardia, hipotensão, etc). São 14h15. Silêncio profundo! Brisa bate no pinhal que emerge pela colina. A situação torna-se catastrófica.

CENA I
(nome a definir 1): Porra, a ambulância nunca mais chega. Estamos f******!
(nome a definir 2): Tem calma, telefonei há 10 minutos. Não tarda aí.
(nome a definir 3): Tens razão, parece que já aí vem!
(nome a definir 2): Vou acabar com o resto da cocaína! A dor está a tornar-se insuportável.
(nome a definir 3): Não faças isso meu. Toma antes heroína. Procura debaixo do acento.
(nome a definir 2): Não sei se consigo lá chegar. Não consigo conter a hemorragia.
(nome a definir 2): Rapazes, aguentem-se que a ambulância está a chegar.


Ao fim de 5 minutos a ambulância chega e consigo trás 3 masters no que diz respeito a técnicas semiológicas mais antigas que o Guru mário SóAres.

(Dr. Marmelo): Olá filho! Hum... Belo rabiosque!
(nome a definir 2): Ajudem-me!!!!!
(Dra. Camundonga): Voçê mi páréci muinto máchucádo, né?
(nome a definir 1): Vou morrer não vou? Salvem-me por favor!
(Dr. António Banderas): Tem calma. Isto não é nada que não se possa resolver!
(Dr. Marmelo): Filha faz aí a inspecção!
(Dra. Camundonga): Faça voçÊ! Ora essa! Agora tênho dj'ir ver o nénem!
(Dr. António Banderas): Apenas um corre risco de vida.
(Dr. António Banderas ao dirigir-se ao (nome a definir 2) e ao (nome a definir 3) diz: Vão lá à vossa vida.

Os indivíduos levantaram-se imediatamente, pegaram na mota e foram-se embora à vista dos outros. O (nome a definir 1) continuava prostado no chão e já nem se mexia.
Marmelo começou por fazer a inspecção. Procurou por cicatrizes, estrias, implantação de pelos anormais, fez a revisão de aparelhos e sistemas mas nada, o indivíduo não melhorava. Foi então que num gesto de génio se lembrou da palpação, palpou até nunca mais parar, fez todas técnicas possíveis e imaginárias:

(Dr. Marmelo): Camundonga, como se faz a tiragem costal?
(Dra. Camundonga): Isso vên djipoisse! Fássa primêro a istuória dá düênça áctuau!
(Dr. Marmelo): Aiiiiiiiiiii! Não sei se faço inspecção, se faço palpação, se faço isto se faço akilo. (batendo com a mão na testa alternando a parte anterior com a posterior).
(Dr. António Banderas): (passava uma nina na rua quando ele lhe manda um piropo) Éh boazona, doeu muito?!!!

Marmelo tinha acabado com a história da doença actual.

(Dr. Marmelo): Já tá. Não escrevi nada. O doente não colabora. Vou mas é passar à palpação. Como se faz a manobra de Prohn, de Israel, de Guyon, de Surraco, de Goelet, de Brugsh, de Matthieu e de Chauffard?
(Dra. Camundonga): Tóma u leitchinho. Á mámãe já vên! (falando para o bébé). Ó Mármelo não sêi. Vai ver à sibenta!
(Dr. António Banderas): Não car*lho, a sebenta tem erros.
(Dra. Camundonga): Disenrasquissi.
(Dr. Marmelo): Ai!!!!! Não me façam ficar nervoso porque tenho o fio dental tão apertado.
(Dr. António Banderas): Procura antes no Surós. Mi gusta surós!!
(Dr. Marmelo): Óh filho, vócÊ promete!
(Dr. António Banderas): Cala-te FDP.

Enquanto o marmelo tinha ido buscar o surós o doente continuava com uma hemorragia cataclismática. Se fosse uma roda de tractor que lhe tivesse passado por cima, o máximo que podia apresentar eram umas queixas relacionadas com hérnias (segundo a sebenta), mas neste caso a situação era bem mais grave.

(Dr. Marmelo): Cheguei!

MArmelo ao palpar o doente carregou em demasia, o sangue espinchou e o doente morreu.

Moral da história: nunca confies na sebenta de proped médica nem na semiologia clínica para fazer qualquer diagnóstico numa urgência.

 

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